quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Molho de chaves

Seus olhos atentos procuravam algo. Não se sabia o que, nem para quê. Costumavam dizer que seus olhos grandes e negros eram olhos de fotógrafo, pois via magia no que já era rotina.

Ou talvez sejam olhos de filósofo?

Perdida no porão da casa antiga de sua avó, o que ela queria achar? Algumas caixas e relógios que não querem mais contar o tempo (quase todos têm esse medo, de perceber que está ficando velho). Alguns jornais rasgados e alguns vinis empoeirados dos Beatles. Afinal, o que ela procurava ali? 

O que você procura aí, pequena?
Saia desse porão, aí tem poeira demais.
Vá lá pra fora, vá ver o sol brilhar. 
E... Oh! Não chore, não chore. 
Você não vai encontrá-lo aqui!
O passado já passou, agora, por favor, suba. 

Mas seus olhos atentos não paravam de procurar. Eu sei, é difícil deixar o passado no passado. Mas talvez, eu não sei. Talvez quem sabe ela encontre algo, não é? A gente sempre tenta ter olhos de fotógrafo (ou de filósofo) e encontrar magia no que já é rotina. 

Agora, espere.
Onde ela vai?
O que ela faz com estas chaves na mão?
Pequena, solte esse molho de chaves!
Porque não, eles não vão abrir o seu baú de lembranças.
E, infelizmente, eles não vão abrir novamente seu coração. 

7 comentários:

  1. Escrevendo cada dia melhor, parabéns!
    Bj, www.surtandoedesabafando.blogspot.com

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  2. Eu nem preciso dizer que seus textos são perfeitos, eu sei que você sabe. Parabéns minha linda :3

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  3. Nao encontro palavras suficientes para descrever os teus textos irene pq nao existe palavra melhor que perfeitos *.* ass: Mingo

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  4. Você escreve muito bem, seu blog é lindo. Demorei um pouco para vir vê-lo, mas já estou te seguindo. Vou voltar sempre que postares.

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