quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Cidade planejada para a solidão

Não quero escrever
quero fugir
preciso ir embora daqui

Mesmo se eu escrevesse um monte de palavras bonitas
a cidade não ia ter graça
Brasília desaprendeu a sorrir

Essas ruas
e todas essas pessoas
não me trazem sentimento algum

E mesmo com esse monte de torre
e essas pontes iluminadas
e esses carros todos
quando chega a noite
tudo fica apagado

Essas luzes
só ficam bonitas
quando vistas de um avião

Só o que nos faz lembrar de amar de vez em quando
é o céu de aquarela
mas até tenho coragem de dizer
que preferia estar lá em cima do que aqui

Essa cidade já devia ter sido esquecida
e reinventada
mas sem ser planejada
só pra gente poder dar a nossa cara
para essa grande palhaçada

A única coisa que Brasília acolhe bem
é essa grande solidão
que todo mundo carrega no bolso esquerdo do terno

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Tentativa de amor-próprio

Nunca recebi cartas
Por isso passei a escrever
Para mim mesma

Até uns trechos bonitos
Com flores de enfeite
Eu me mandei

Me reinventei
Só pra tentar bastar
A mim mesma

Mas de tão grande que é esse buraco no peito
Nem eu mesma consigo me achar
Lá dentro

Até entendo
O motivo dos outros fugirem
Mas tenho percebido que eu
Também tenho medo
De mim

domingo, 11 de novembro de 2012

Amor subscrito

Palavra por palavra
fui trocando as frases de lugar
e deixando tudo sem sentido.

Fui te dizendo um monte de coisa
misturando palavras com sentimentos
e de repente saiu um
“te amo”.

Até tentei reinventar
pra conseguir te escrever
algo mais bonito!

Mas pra não escrever tudo repetido
eu vou deixar meio subscrito
que você fez tudo ter um pouco mais de sentido.

Triste é saber escrever
mas desaprender
a amar de verdade.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Relógio da vida

Tic toc
Tic toc
Batia o relógio da sua cabeça

Vai saber se o tempo passava
Ou em que horas havia parado
Um, dois, três minutos
Mil
Desde que você partiu

Tic toc
Tic toc
Bate o relógio do amor

Quantos anos terão de passar
para eu esquecer toda a dor
que você me causou?

Tic toc
Tic toc
O relógio parou

E agora?
Quando eu vou saber
que a hora de seguir em frente chegou?

Quem sabe o trem da felicidade está por vir
Tic toc
Quem sabe já passou

Tic toc
Tic toc
E esse relógio nem existe

Desapeguemos do tempo
Já deu a hora de esperar
Temos tempo o bastante para sermos felizes
Até alguém cansar
(podemos até casar!)

Toc toc
A vida bate na nossa porta
Vamos?