segunda-feira, 31 de outubro de 2011

"não sabemos se ela vai estar viva ainda"

Quem ficou
Andava e não sabia para onde ia e nem de onde vinha. “Afinal, de onde eu vim?” A ultima coisa de que se lembrava bem era o momento em que havia o encontrado. Era como ter começado a vida, como se tivesse acabo de nascer, e quem sabe, tivesse mesmo, dizem que nossa vida recomeça todos os dias.
Não sabia se devia sorrir por ter acontecido ou chorar por ter acabado. Seu lado otimista já havia ido embora há alguns meses, junto com a vontade de sorrir que um dia liderou seu corpo. Contudo, sabia que o certo mesmo era ir atrás dele, e mostrar que tudo o que precisava era dele ao seu lado. Pois afinal, era isso e sempre seria isso. Esse lugar vazio em seu coração só podia ser preenchido por ele.
E embora o coração a puxasse e suas pernas desejassem correr até o menino que a fez nascer novamente, ela já não podia. Será que os surdos também sentem vontade de ouvir, às vezes? E ela não foi. Não foi porque já seguiu seu coração um milhão de vezes e até hoje não realizou o seu maior e mais desejado sonho. Ela queria alguém, ela queria ele. E sabia que seu coração poderia lhe dar.
E como sempre, só restou chorar, deixar ir, cair, sangrar. Já que diziam que ele ia voltar, ele ia voltar. Ela não podia ser a menininha iludida de antes nem sequer mais uma vez? Antes era bem mais fácil.
Mas quando o coração é quebrado, ele nunca mais volta a ser o mesmo. Há cicatrizes que nunca somem, e às vezes o tempo é pouco para conseguir esquecer.

Quem se foi
Parou por um instante e perguntou o que estava acontecendo. "Afinal, o que está faltando?" Não conseguia se lembrar de ter perdido algo. E na verdade, realmente não tinha perdido. Foi ele que a deixou. É fácil simplesmente recomeçar e deixar as pessoas para trás? É fácil seguir por um caminho diferente sem dizer nada, sem olhar para trás? Sempre é mais fácil ir embora sem dizer tchau, despedidas são uma merda.
Por que aquela vontade de chorar de repente? Por que aquele vazio dentro dele? Pois algo está faltando, não está?
Quem sabe, querido, se você reservar meia hora do seu dia para ver fotos antigas de amores antigos que nunca mais voltarão? Ela faz isso todos os dias. Quem sabe se você parar pra pensar nas promessas que um dia já fez? Garanto que se sentirá culpado. "Eu nunca vou te deixar." Que rápido as pessoas esquecem, não é? Mas ela se lembra de você.
Por que ele mudou tanto, por que ele teve de se tornar forte e maduro? Pode ter certeza de que há uma menina que, embora finja-se de forte e madura, só quer braços que a segurem enquanto chora. Só quer os braços dele, o menino brincalhão e bobo que um dia ela conheceu.
Mas sabe qual é o problema? Ele não sabe. Ele não tem a menor ideia de que, em algum lugar, há uma vida em prol dele. Há lágrimas, há dias, há sorrisos falsos, há sangue, há muito amor, por ele. Ele não sabe. E embora ele sinta, sinceramente, não adianta nada. Porque todos os dias deixamos muitas coisas para trás, e ele ainda não entendeu que há mais de um ano atrás deixou alguém que ele mudou a vida.
E então ele pode sentir vontade de correr, suas pernas podem sair por aí sozinhas, mas ele nunca saberá porque nem para onde vai. E então apenas sentará e mudará os pensamos, tomará um comprimido e dormirá até esquecer de tudo. No dia seguinte pode ocorrer o mesmo fato, mas e daí. No outro dia não sabemos se ela vai estar viva ainda.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

"Mas, e eu?"

Pendurei meus livros em árvores e disse para mim mesma que deixaria de lê-los por algum tempo.
A questão é que eu fujo de mim, eu faço desencontros. O problema é que cansei de mim e desse meu amor incompleto. Cansei desses chorinhos e dessa falsa alegria. Cansei de me forçar a ser feliz. Meus sentimentos são enormes e pesados. Eu tento fingir para mim mesma que são só bobeiras, todos os dias rio das coisas que eu queria chorar, tentando enganar o meu psicológico que nada disso existe. E só consigo ver que finjo muito mal. 
Esqueço de mim para ajudar os outros e depois choro pelos cantos, e isso já passou de ser ridículo. E então, para evitar essas "percas de tempo" mergulho nos livros, durmo, sorrio. Só que para mim não há sentido em fingir que tenho algo que não tenho. Eu não sou essa menina 100% feliz que as pessoas vêm por aí. Eu tenho uma vida, e eu tenho tentado cuidar dela. Mas as pessoas não têm visto isso. E aliás, nem eu tenho visto isso. Esqueço dessa minha vida (ou que ao menos devia ser minha, mas quando algo é nosso devemos cuidar e eu não o tenho feito) para viver a vida de algum personagem escrito nas linhas de um livro.
Não está mais dando. Pendurei meus livros em árvore e parei para pensar nisso tudo. Mas eu não sei o que fazer. Ajudo uma com a carência e outro com o "amor" não correspondido. Hoje mesmo me apareceu mais alguém para cuidar. Dou abraços-de-consolo de vez em sempre, estou sempre tentando deixar todos bem. Mas, e eu? Eu estou aqui, esquecendo de mim. Nem sei mais se existo ou se sou só uma cadeira de apoio.
Então, eu não sei mais o que fazer porque.... Espere. Estão precisando de mim. 

sábado, 15 de outubro de 2011

"Todos nós somos iguais, ou ao menos devíamos ser."

Não consigo mais me ver vivendo em uma sociedade, pois sociedade é composta de seres humanos e eu não vejo humanos em minha volta. Um ser humano é alguém com educação. Ser humano é alguém que respeita os outros, alguém que respeita o próximo, e ninguém respeita mais nada aqui.
As pessoas julgam os outros pela aparência, pelas roupas, belo cabelo, pelas unhas. As pessoas se acham superiores, acham que são melhores por gostarem de tal coisa, por escutarem tal música, por falarem de tal forma e por morar em tal cidade. Um bate no outro pela opção sexual, ou pela crença religiosa, mas todo mundo só consegue mesmo é se rebaixar cada vez mais.
E eu? Eu que sou a ignorante e a rebaixada por querer paz, eu sou a idiota porque gosto das coisas pelo o que elas são ou fazem, e não pelo dinheiro que possuem. Eu sou uma das únicas que querem um mundo melhor? Porque todo mundo diz que quer, mas ninguém faz nada pra ser uma pessoa melhor. E não há nada que eu fale, nem que ninguém fale que consegue mudar a cabeça das pessoas ignorantes, que preferem rebaixar as coisas para se sentir superior do que respeitar, entender, aceitar os fatos como são. E afinal, quem essas pessoas acham que são? Se você diz que eu não sou ninguém, pode ter certeza que você também não é, e por isso não tem o direito de me julgar, nem julgar ninguém. Todos nós somos iguais, ou ao menos devíamos ser. Porque, sinceramente, eu não quero ser tudo isso que vejo por aí.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Daydreamer

Ele é lindo, realmente lindo. Uma vez disse que ele podia mudar o mundo, e todos olhara-me de forma assustada, mas eu nunca disse a ninguém que sim, ele podia mudar o meu mundo. E eu tento descrevê-lo, mas a única coisa que posso dizer é que ele é tudo o que eu espero.
Já me perguntaram onde posso encontrá-lo, e eu apenas disse que toda noite ele se senta nos degraus de minha casa, espera pela minha chegada e conversamos toda a noite. Ele me empresta seu casaco, mesmo quando eu digo que não é preciso. Então ele diz que está ali por mim, e eu digo que não era preciso estar ali tão tarde. Mas a verdade é que independente da hora, ele sempre está.
E então me perguntam o que tanto conversamos durante a noite. E, bom, nós inventamos passados que nunca aconteceram, nós falamos do amor e do quão é lindo o sol. Ele me diz que está ali nos degraus há horas, mas que não se arrepende. Ele diz que podia esperar a vida toda.
E ainda um dia me perguntaram o que eu faria se ele fosse embora. Eu disse que ele nunca irá, e realmente, ele nunca irá. Basta fechar os olhos que eu o encontro me esperando por horas e horas nos degraus de minha casa, dizendo que estará lá para toda a vida.

Ele é tudo o que eu espero da vida.




Minha interpretação para Daydreamer, Adele.

"mas eu vou encontrá-lo
sentado no degrau de minha porta
esperando pela surpresa
e parecerá que ele estará
lá por horas
e eu posso dizer
ele estará lá para a vida"

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Caçar borboletas nas estrelas, por você.


4h34 da madrugada. Completo silêncio, silêncio que dói, ensurdece. Ela não conseguia ouvir nem ver os ponteiros do relógio com a imagem dos Beatles no seu quarto. Como sabia que horas eram então? Ela não sabia. Sabia apenas ter sonhado que estava caçando borboletas nas estrelas gritando “Querido! Isso é por você!”. E, aliás, nem sequer sabia se havia sido um sonho ou se agora, esse silêncio que era o sonho. Preferia que isso fosse apenas um sonho, e que ao acordar estaria ainda a caçar borboletas nas estrelas por ele. Mas como saber? Piscou os olhos algumas vezes e suspirou tristemente ao saber que era tudo real.

Que texto bobo, algumas pessoas pensam. Como se elas nunca tivessem feito isso antes.

Pediu desculpa para si mesma ao perceber a situação em que estava. Xingou-o mentalmente por fazê-la passar por aquilo tudo. Mas não ousou dizer seu nome, nem nenhuma palavra, pois o silêncio era a única coisa que ela tinha e não queria perdê-lo por culpa do menino dos seus (literalmente) sonhos. E percebeu ainda, que ela perdia tempo demais e resolveu ir arrumar seu relógio.

Levantou-se pedindo, ainda mentalmente, para o silêncio não ir embora. Andou devagar, sentindo o chão frio que a segurava. Parou em frente ao relógio (ou ao menos o que ela achava ser um relógio, pois a escuridão também invadia tudo e talvez ela –ou o relógio haviam se perdido) e botou a mão sobre ele, na tentativa de achar os ponteiros. Sentiu, então, que eles estavam parados e empurrou-os para o lado. “tic tac”, ouviu. Sorriu ao ver que havia conseguido arrumá-lo, mas segundos depois culpou-se por ter feito o silêncio ir embora. Deitou-se a reclamar que conseguia estragar e fazer com que tudo o que gostava ir embora. Resolveu dormir e lembrou-se que o relógio devia estar atrasado. Sorriu ao pensar que teria mais algumas horas para dormir, sonhar ou talvez viver no mundo real. Porque ela já tinha sonhado demais este sonho naquela noite. 

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Caixinha de música

Todos precisam de um refúgio, mas nem todos o encontram. Alguns refúgios se vão, alguns dão a sorte de tê-lo sempre ali. Alguns nunca tiveram um, mas ela, sempre o teve. Ela sorri ao se lembrar de quando ganhou, de sua mãe, uma caixinha de música, que ao se abrir mostra uma bailarina a dançar na ponta. Antes era só um brinquedo, mas agora se tornou muito mais. No espelho que há dentro da caixinha, ela se olha muitas vezes e repete para si mesma que a cicatriz que vê é da velha caixinha e não da alma. Os papeis, objetos, colares, vidros e lágrimas que estão ali dentro guardam ela mesma, suas lembranças e suas desilusões. A bailarina que parece não se cansar de dançar é como seu coração: embora cansado e desgastado, ainda insiste em bater. Seu coração, assim como a frágil bailarina, vive nas lembranças de uma vida que se foi junto com todas as pessoas, com todos os orgulhos, com todos os sorrisos. E a música é como a dor. Ao abrir a caixinha, as lembranças aparecem, a dor vêm, o coração bate forte. A menina é sutil como a bailarina, e aliás, ela é uma bailarina. Mas ainda mais do que uma bailarina, ela é uma pessoa. Ela sente, ela lembra, ela chora. Vocês sabiam disso? Ela não é só uma bailarina, e muito menos uma caixinha onde você entra quando precisa de abrigo e sai quando já parou de chorar. Mas por acaso, há dias ela diz que não consegue nem sequer ser uma boa caixinha, como conseguiria ser alguém. Todos quiseram saber por que, e sabe o que ela disse? "Não consegui guardar em mim a única pessoa que realmente importou um dia, como conseguirei ser alguém e guardar a mim mesma?"

domingo, 2 de outubro de 2011

"Quem um dia conseguirá dizer que não vale a pena?"

Ele me perguntou aonde iríamos parar. "Eu não sei, eu não sei." Minhas lágrimas insistiam em sair. Ele dizia que me amava, e todos a minha volta confirmavam sem dúvida alguma. Mas será que o amor basta? "Eu não vou deixar isso acabar." Ele disse. Mas as coisas sempre acabam, independente do quão perfeitas são, porque o amor não basta. O amor não segura ninguém, o amor não faz ninguém parar.
Quando eu o encontrei, foi como encontrar a mim mesma. As pessoas dizem que o amor chega na hora certa, mas o amor não chega. Temos de abrir os olhos e tentar vê-lo, e procurá-lo, agarrá-lo. O amor não grita, o amor não chega. Ele apenas passa, ele vem e vai, e nós devemos achá-lo. Ele nunca para, devemos ir atrás, correr, ser fortes. Mas também, devemos deixá-lo ir, fugir, sumir. O amor não é nosso, o amor é do mundo. Hoje ele está aqui, amanhã pode não estar mais. E eu disse isso a ele. Era difícil para ele aceitar que um dia as coisas terminam, e para mim também já foi. Mas foi ainda mais difícil me iludir, fingir que o amor é meu, chorar até ele voltar. O amor também é surdo, e não importa o quanto gritemos, choremos, sofremos, ele não volta. 
Enchi as paredes do meu quarto de frases dizendo que o amor não é meu. Eu precisava entender. Mais uma decepção parecia ser o fim para mim. Prometi para mim mesma nunca me agarrar a nada, nem me viciar, nem jogar tudo para o alto pelo amor. O amor não junta as coisas antes de ir embora, ele não arruma, ele não deixa as coisas como antes, ele só vai. E somos nós que devemos pôr as coisas no lugar, arrumar, limpar. 
O amor não paga uma psicologa antes de ir, o amor não nos dá um amigo de brinde. E isso dói um pouco, sabe, porque o amor é muito grande. Temos que abrir espaço, temos que andar com um peso, temos que aguentar. Quando o amor chega, não devemos jogar tudo fora, porque o amor vai embora, e quando ele se vai o vazio é tão grande, mas não foi o amor que levou, fomos nós que jogamos tudo fora, ao pensar que o amor ficaria aqui para sempre. Mas o amor só vai e vem. 
E ele chorou. E é ruim ver que eu fiz as pessoas chorarem, mas a vida é assim. Também já me fizeram chorar muito, mas ninguém me ajudou. Ninguém nunca me disse o quanto o amor dói, ninguém nunca me disse do vazio, nem nada. E então eu o olhei e disse, segurando sua mão: "Mas, sabe o que é mais incrível? O amor não mata, e pelo contrário, ele faz viver. O mais incrível é que todos o procuram, mas nem todos acham. E nós achamos. Isso não é algo de se orgulhar? Nossos olhos são bons, nossos olhos são atentos. E apesar da dor, quem um dia conseguirá dizer que não vale a pena?"
Depois daquele dia, o amor nunca mais foi o mesmo. Ou melhor dizendo, eu nunca mais fui a mesma. Afinal, o amor é como nós. Quer liberdade, quer voar. Há de deixar o amor entrar em si para conseguir voar.

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