segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Caçar borboletas nas estrelas, por você.


4h34 da madrugada. Completo silêncio, silêncio que dói, ensurdece. Ela não conseguia ouvir nem ver os ponteiros do relógio com a imagem dos Beatles no seu quarto. Como sabia que horas eram então? Ela não sabia. Sabia apenas ter sonhado que estava caçando borboletas nas estrelas gritando “Querido! Isso é por você!”. E, aliás, nem sequer sabia se havia sido um sonho ou se agora, esse silêncio que era o sonho. Preferia que isso fosse apenas um sonho, e que ao acordar estaria ainda a caçar borboletas nas estrelas por ele. Mas como saber? Piscou os olhos algumas vezes e suspirou tristemente ao saber que era tudo real.

Que texto bobo, algumas pessoas pensam. Como se elas nunca tivessem feito isso antes.

Pediu desculpa para si mesma ao perceber a situação em que estava. Xingou-o mentalmente por fazê-la passar por aquilo tudo. Mas não ousou dizer seu nome, nem nenhuma palavra, pois o silêncio era a única coisa que ela tinha e não queria perdê-lo por culpa do menino dos seus (literalmente) sonhos. E percebeu ainda, que ela perdia tempo demais e resolveu ir arrumar seu relógio.

Levantou-se pedindo, ainda mentalmente, para o silêncio não ir embora. Andou devagar, sentindo o chão frio que a segurava. Parou em frente ao relógio (ou ao menos o que ela achava ser um relógio, pois a escuridão também invadia tudo e talvez ela –ou o relógio haviam se perdido) e botou a mão sobre ele, na tentativa de achar os ponteiros. Sentiu, então, que eles estavam parados e empurrou-os para o lado. “tic tac”, ouviu. Sorriu ao ver que havia conseguido arrumá-lo, mas segundos depois culpou-se por ter feito o silêncio ir embora. Deitou-se a reclamar que conseguia estragar e fazer com que tudo o que gostava ir embora. Resolveu dormir e lembrou-se que o relógio devia estar atrasado. Sorriu ao pensar que teria mais algumas horas para dormir, sonhar ou talvez viver no mundo real. Porque ela já tinha sonhado demais este sonho naquela noite. 

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