terça-feira, 10 de maio de 2011

Apenas um café

Entramos em um café para tentar lutar contra o frio. Sentamos-nos à mesa e eu coloquei as mãos em cima da mesa. Ele colocou as suas em cima e olhou fixamente em meus olhos como se quisesse chegar no fundo deles e procurar algo. Eu sabia o que ele queria. Queria um sim, um beijo, um pra sempre. Mas eu não podia lhe prometer nada, eu não podia me envolver com ninguém e ainda mais, eu não queria nada com ninguém. O problema era dizer isso para ele, era resistir a ele. Era olhar em seus olhos e quere-los para mim, quere-los de olho somente em mim! Mas não. E eu não sabia como lhe dizer apenas essa palavra. Em meio do nosso silêncio e olhares, a garçonete chegou.
- Apenas um café e um chocolate quente, por favor!-ele disse.
Engraçado como ele sempre sabia, como me conhecia por inteiro. Gostávamos das mesmas bandas e musicas, dos mesmos programas aos sábados e estudávamos juntos. Não podíamos fugir um dos outro nunca, e isso não me incomodava nada. Pelo contrário. O problema era como os outros se referiam. Como todos sabiam que ele gostava de mim, que ele me amava. Como todos jogavam isso o tempo todo na minha cara e me julgavam por não sentir o mesmo por ele. Como eu odiava isso! Como eu odiava a mim mesma por não ser tudo o que os outros queriam. Tudo o que ele queria. Mas por outro lado, como ele podia gostar de alguém como eu? Tão imatura, tão insegura. Como podíamos andar sempre juntos e ser tão próximos se nem mesmo pensávamos da mesma forma? Ele me tratava como seu bebê e eu odiava isso. Eu só queria ser como ele, eu só queria crescer como ele para a idade nunca nos separar. E eu tentava isso o tempo todo. Enquanto nós conversávamos e ele me contava algumas coisas que aconteciam em sua sala, eu observava a forma como ele falava, como agia, como olhava as coisas. Eu tentava ler os seus pensamentos, e ria. Como ele podia ser tão incrível? E como eu podia não conseguir gostar dele? Como eu era idiota. A única pessoa que até hoje nunca tinha me deixado, e eu ainda duvidava do amor que ele podia sentir por mim?
Por um segundo parei de pensar. Ele parou de falar e ficamos nos olhando. Bem... Eu não estava entendendo muito bem aquilo, mas a sensação era incrível. Ele bebeu um gole de café. Fiz o mesmo com o meu chocolate quente, mas acabei apenas lambendo um pouco do chantili. Ele riu, olhou para baixo e se recompôs.
- Você sabe que tudo só depende de você, não é?
Chegou a hora, pensei. Olhei para nossas mãos novamente juntas e comecei:
- Lucas, você... Você é tão grande perto de mim. Quer dizer, não fisicamente, mas, você é tão maduro. E tenho medo de não te satisfazer, de ser uma criança perto de tudo. Eu tenho medo de não ser boa para você e de acabar te decepcionando. Ou até, me decepcionando. -olhei para ele e vi que estava rindo um pouco - Isso é uma brincadeira?! -perguntei um pouco assustada.
- Brincadeira é o que você falou agora, Jenifer! Olha para você! Você se acha tão pequena e tão imatura, você me acha tão grande... Eu não sou nada disso. Apenas olho para você e tenho vontade de te proteger de tudo e todos! De te defender de qualquer garoto que possa de fazer quaisquer mal como aqueles outros fizeram. Mas você só não deixa isso acontecer.
-Está me chamando de ingênua? -perguntei sorrindo.
-Como você se chamaria nessa situação?
-Diria apenas que estou realmente desprotegida!
Olhei em seus olhos e percebi que eu não estava mais. Chegamos mais perto e... Aconteceu o que todos estavam esperando.

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