sábado, 4 de junho de 2011

A vida vazia tem sido pior do que um coração em silencio.


A sala de hospital estava em silencio. Os médicos examinavam a magra e pálida menina deitada na cama. Já era rotina, ela não estava ali a pouco tempo. Em nenhum momento pareceu ter desistido. Como se fosse guiada por uma força mais forte do que qualquer um daquele lugar tinha. Talvez fosse a esperança, talvez fosse a vontade de viver, viver com ele. Talvez você o amor. 
- Acho que já pode desligar as máquinas. - ela disse com a voz rouca.
- Tem certeza?
- Sim, sim. Eu tenho certeza. Não agüento mais ficar aqui.
- Espere mais um pouco, logo você estará em casa com todos que ama.
- Não. Eu estou cansada de esperar, estou cansada da esperança e desse sentimento que me incomoda. Eu não quero voltar para casa, porque a pessoa que eu mais preciso não estará lá. Ela não estará em lugar nenhum. Ninguém nunca me pareceu o suficiente. E realmente não é. Eu não tenho mais nada para fazer aqui. Ou talvez eu nunca tenha tido. Estou cansada. Cansada desse nada. Então, por favor, tire-me daqui. Tire-me desta cama, deste lugar, deste corpo, desta vida. Eu sinceramente odeio aqui. E espero que a próxima vez que eu voltar o destino me dê mais surpresas. Ou me dê qualquer outra coisa, mas me dê, pois a vida vazia tem sido pior do que um coração em silencio. 
Era o final. A ultima vez que lágrimas caíam e escorriam até suas bochechas brancas. O médico a olhou com pena. Pena por estar desistindo. E não era preciso um adeus, uma carta para a família ou qualquer coisa clichê desse modo. Ela sabia que todos tinham a sua hora, e a dela tinha chegado como o de todos um dia chegarão. 
- Adeus, querida. 
Ela fechou os olhos. 

'Cause we are broken 
What must we do to restore 
Our innocence 
And all the promise we adored 
Give us life again 
'Cause we just wanna be whole 

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