terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Eu sempre vou te achar

 Não havia mais o que fazer. Aliás, havia. Mas eu não conseguia, minha cabeça não funcionava e a todo momento meu coração acelerava e eu sentia medo, cada vez mais. Depois de tudo o que tinha acontecido, o meu maior medo agora era ficar sozinha. Eu sabia que não devia ter feito aquilo tudo, mas não dava. Os dias não estavam fáceis, e por incrível que pareça ninguém sabia disso. Eu não estava me abrindo para ninguém a dias, estava como um túmulo. Escrever frases sem sentido no caderno já não bastava. As vezes sinto vontade de gritar, vontade de ir na frente de todos e dizer que preciso de um abraço sincero. Mesmo que isso não bastasse. Eu precisava daquele abraço. Mas não conseguia mais. Eu estava no fundo do poço, caindo em um abismo. E então, por um impulso (de não sei o que já que me sentia tão mal ao ponto de não querer me levantar), levantei da mesa e sai correndo. Ninguém estava em casa, então escrevi em um bloco de anotações que com certeza alguém veria:
 "Volto daqui a pouco. Só preciso de um tempo para pensar. Não me procure, por favor, já que sei que ninguém vai me achar.
  Natália"
 Peguei a bolsa e um casaco leve, e fui. Fui para onde ninguém iria me achar, eu sei. Não demorou muito e cheguei onde queria. Era uma casa abandonada, um pouco velha que ficava no alto de um morro. De lá eu via a cidade toda, e quando ficava de noite era simplesmente maravilhoso. Eu lembro de quando fui lá pela primeira vez... Eu estava com os meus amigos, estávamos acampando com a escola em um sítio não muito longe dali até que resolvemos conhecer mais o lugar. Então descobrimos. Ali se tornou o meu lugar favorito desde então, e ninguém sabia disso. Quer dizer, uma pessoa sabia. Matheus, apenas ele. Tínhamos ido ali algumas vezes quando éramos mais próximos um do outro. Mas depois que ele conheceu os amigos (e amigas) novos, mudou tudo.
 Em meio do meus pensamentos meu celular começou a tocar. Eu fingi para mim mesma que não escutava. Até que então, o toque do celular mudou. Por um momento nem minhas lágrimas mais caíram. Era ele. Pensei, pensei.... Não atendi, pois sabia que ele iria contar para os meus pais de onde eu estava. Continuei onde estava. Eu estava quase dormindo, olhando a vista até que ouvi alguém falar o meu nome:
 - Nathi? - Era o Matheus. Levei um susto, fiquei sem graça. Esqueci de tudo. - Nathi porque você sumiu? Seus pais me ligaram super preocupados... Quer me contar?
 Na verdade, não. E talvez pelo meu olhar, ou pela minha cara (que devia estar completamente vermelha) ele percebeu que eu nem sequer queria falar. Então ele se sentou do meu lado e ficamos alguns minutos olhando a vista da cidade. Até que eu disse:
 - Como você me achou?
 - Eu sempre vou te achar, você sabe. É só eu fechar os olhos, você sempre está lá.

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