quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Cidade planejada para a solidão

Não quero escrever
quero fugir
preciso ir embora daqui

Mesmo se eu escrevesse um monte de palavras bonitas
a cidade não ia ter graça
Brasília desaprendeu a sorrir

Essas ruas
e todas essas pessoas
não me trazem sentimento algum

E mesmo com esse monte de torre
e essas pontes iluminadas
e esses carros todos
quando chega a noite
tudo fica apagado

Essas luzes
só ficam bonitas
quando vistas de um avião

Só o que nos faz lembrar de amar de vez em quando
é o céu de aquarela
mas até tenho coragem de dizer
que preferia estar lá em cima do que aqui

Essa cidade já devia ter sido esquecida
e reinventada
mas sem ser planejada
só pra gente poder dar a nossa cara
para essa grande palhaçada

A única coisa que Brasília acolhe bem
é essa grande solidão
que todo mundo carrega no bolso esquerdo do terno

2 comentários:

  1. Venho dar-te um refúgio; O Nordeste está de braços abertos para os agoniados desse mundo. Aqui, há poucas luzes acesas pelas casas, são estrelas que iluminam estradas! Nós, a esperamos..


    Fico por seguir, moça.
    Cheiros e Flores!

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  2. Não sei dizer, mas o sentimento de solidão parece mais presente nos finais de ano. Tenho sentido uma agonia parecida com a retratada no texto. Lindo poema, sua escrita é maravilhosa!
    Beijos, Cyn.
    http://ograndetalvez.blogspot.com.br

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