E o caderno de economia falava sobre “os custos do amor”
O autor reclamava e chorava,
desiludido por todos os buquês, os bombons e as jóias que gastara com a ex-namorada.
5478 reais e 47 centavos e o pior: um
coração partido.
O colunista de Esportes disse:
“Neymar não pôde jogar a última
partida pois está com fraturas no coração. O técnico,
compreensivo, deu férias de um mês ao jogador para a recuperação.
Como ficará o Santos sem Neymar?”.
Calcula-se que 34% das mortes ocorridas
nesse mês foram de amor
Sendo 13% homicídios passionais e 21%
suicídios.
A coluna de Astrologia explicou:
“Vênus está sob a influência do
signo de Câncer e seguirá assim até maio. Isso significa que todos
ficaram mais sensíveis e românticos. Tome cuidado com decisões
amorosas. E não se esqueça de cuidar do lar e a saúde e...”
blablablá.
E a coluna de Moda exibiu vestidos com
estampas apaixonadas
“É a última moda, as mulheres
magras com suas echarpes cheias de corações
sentadas nos cafés parisienses com
seus olhos de desilusão”.
“A bolsa de Nova Iorque amanheceu em
crise: os acionistas se perguntaram “afinal, quanto custa a
felicidade?” e não conseguiram comprar amor com dólar. Nem euro,
muito menos real. E foram fazer uma visita às suas mães!” disse o
caderno de Ações.
“Nenhum senador foi trabalhar hoje.
Nenhum. E mesmo assim, o povo nem foi reclamar. Todos estavam
ocupados resolvendo suas paixões”.
O William Bonner não disse “boa
noite”.
Mas Paul McCartney reafirmou:
love is old, love is new
love is all, love is you
Pensei: há quanto
tempo eu não via as notícias?
E o jornal dizia,
por fim: há quanto tempo o mundo não convivia diretamente com o
Amor?
Passei o dia feliz
pelos acionistas e torci pela recuperação de Neymar.
